Todo o processo de limpeza acontece no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), no bairro da Fazendinha, na capital. A etapa de limpeza é uma das mais difíceis e delicadas.
“Todo processo de limpeza desses animais é bastante trabalhoso e complexo. São animais com uma camada de gordura muito grande. É um animal grande e com o cheiro muito forte”, descreveu Cláudia Silva, coordenadora do Laboratório de Mamíferos do Iepa.
Pesquisadores e estudantes realizam a limpeza dos ossos do filhote de baleia cachalote
A Larissa Sacramento é aluna do curso de medicina veterinária do Instituto Federal do Amapá (Ifap) no município de Porto Grande e veio participar do processo.
“Essa fase é muito importante pra gente identificar a anatomia das nadadeiras e de todo o corpo que a gente conseguiu recuperar toda a carcaça do animal. Então a gente vai conseguir montar os ossos”, disse a estudante.
O mau cheiro é a principal dificuldade dos alunos e pesquisadores na hora da limpeza dos ossos.
Filhote morto foi encontrado na sexta (26) por pescadores — Foto: Natanael Rocha/Arquivo pessoal
Uma outra frente dos estudos quer entender como o filhote foi parar na praia. Para isso, serão analisadas as condições climáticas na região no período que coincide com o encalhe.
“Com as coordenadas do encalhe e a data que a gente encontra, buscamos dados climáticos da região. A gente retrocede uns 15 dias mais ou menos pra ver se teve alguma grande tempestade, uma maré mais alta… Pra gente entender quais os fatores que podem ter contribuindo para empurrar esse corpo aqui pro nosso litoral”, informou Claudia Funi, pesquisadora da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Norte.
Pesquisadoras Valdenira Ferreira dos Santos e Claudia Funi, do Iepa — Foto: Rafael Aleixo/g1
Boa parte do litoral oceânico amapaense é considerado raso, o que chamou a atenção para a ocorrência desses grandes animais.
“Causa estranheza você ter a ocorrência desses grandes mamíferos encalhando nessa região, que é extremamente rasa, visto que a rota de migração deles é pra um mar mais profundo, com áreas de até 2 mil metros de profundidade”, explicou Valdenira Ferreira dos Santos, pesquisadora do Iepa.
Outros registros no Amapá
Esqueleto de baleia-jubarte pode receber visitações no Museu Sacaca, em Macapá — Foto: GEA/Divulgação
Sobre a espécie
Cachalotes são as maiores das baleias dentadas — Foto: AMANDA COTTON
Os cachalotes (Physeter macrocephalus) — a maior das baleias dentadas e o maior predador do planeta — têm uma das mais amplas distribuições globais de qualquer espécie de mamífero marinho, tendo sido avistados em águas profundas ao largo do Ártico e da Antártica, bem como ao redor do Equador.