Desde o início dos alagamentos, a polícia registrou cinco casos de abuso sexual nesses locais – todos os abusadores foram presos. O governo do RS disse que reforçou a segurança nos maiores abrigos, principalmente à noite.
No Rio Grande do Sul, 70 mil pessoas estão vivendo em abrigos
São 70 mil pessoas vivendo em abrigos em todo o Rio Grande do Sul.
Quando a água atingiu o bairro da Glaucia e do Jair, em Porto Alegre, os filhos estavam sozinhos em casa. O resgate chegou rápido e salvou os quatro. Ao voltarem para casa, os pais ficaram desesperados. Durante três dias percorreram abrigos da cidade em busca deles.
“Chorei, eu senti a falta da minha mãe e sonhei bastante com ela”, diz Jaiara, de 7 anos.
Com a ajuda do cadastro de desabrigados da prefeitura, a família se reencontrou.
“Foi emocionante, aqui chorava, aquela minha adolescente me agarrou, não queria soltar mais, chorando desesperada. Me deu um alívio, não preciso de mais nada, já ganhei o presente de Dia das Mães”, conta a dona de casa Glaucia Fabiana Silva.
É com as doações que chegam de todo o país que os desafios de quem está acolhido nos abrigos ficam menos pesados. Em um centro de triagem, voluntários organizam alimentos e roupas. As temperaturas baixaram e a solidariedade vai precisar chegar também em forma de agasalhos e cobertores.
Setenta mil pessoas estão vivendo em abrigos em todo o estado. Desde o início dos alagamentos, a polícia registrou cinco casos de abuso sexual nesses locais. E todos os abusadores foram presos. O governo do Rio Grande do Sul disse que reforçou a segurança nos maiores abrigos, principalmente à noite.
“A principal prioridade é combater crimes dentro de abrigos e garantir a segurança das pessoas que estão lá”, afirma Sandro Caron, secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.
Nesta sexta-feira (10), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, voluntárias abriram um local para acolher somente mulheres e crianças. No sábado (11), a prefeitura de Porto Alegre vai abrir outro para 50 mulheres e crianças de até 12 anos.
Tudo que a auxiliar de serviços gerais Edna Maria Simões conseguiu tirar de casa cabe em um pequeno espaço, inclusive o cachorrinho Bob. Mas ela não perde a esperança. Agora, quer reencontrar a família que deixou no litoral de São Paulo há 60 anos.
“A minha vitória depois de tudo isso que eu estou passando e já passei lá atrás é ver minha família. E arrumar um lugarzinho para não deixar meu cachorrinho abandonado, jamais”, diz ela.