Na semana passada, o governo federal decidiu voltar com o imposto a partir de janeiro de 2024 de forma escalonada para “estimular a indústria brasileira”. Entenda as alíquotas nesta reportagem.
Em entrevista ao g1, na sede da empresa em Campinas (SP), Schneider disse que a BYD é a favor da retomada do imposto, já a empresa está montando três fábricas em Camaçari (BA), mas defendeu uma mudança no início da tributação para que as empresas do setor tenham tempo de iniciar a produção no Brasil.
“A gente sentiu como um atropelo. Então, infelizmente uma pressão de outros lados convenceu o governo e nós vamos trabalhar agora baseado nesses novos números, tanto de alíquotas quanto de cotas de importação, e ver o que a gente pode fazer. Infelizmente, quem pede é o consumidor final novamente”, afirmou o executivo ao g1.
Alíquotas mais escalonadas
O diretor da gigante chinesa afirmou que, se o objetivo da medida era trazer mais investimentos, isso não vai acontecer a curto ou médio prazo. Para Schneider, é necessário um escalonamento maior das alíquotas.
“Acho que uma transição em um período de cinco anos com cotas e uma alíquota subindo um pouco menos ao longo desses cinco anos seria algo bem interessante”, defendeu.
Marcello Von Schneider, diretor da BYD Brasil — Foto: Divulgação BYD
Indústria nacional deve ser estimulada, diz Alckmin
Ao g1, o ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que a posição do governo foi “debatida e anunciada com todo o setor e todas as entidades representativas, inclusive dos importadores de veículos eletrificados”.
“As propostas e sugestões foram colecionadas e analisadas por mais de 60 dias, gerando certeza e previsibilidade para todo o setor. A decisão contribui para promover a produção, a geração de empregos e renda no Brasil”, diz a nota.
Na semana passada, ao anunciar a retomada do tributo, o vice-presidente e ministro da pasta, Geraldo Alckmin (PSB), justificou o retorno apontando para a necessidade de incentivar a indústria nacional.
“O Brasil é um dos principais mercados automobilísticos do mundo. Temos de estimular a indústria nacional em direção a todas as rotas tecnológicas que promovam a descarbonização, com estímulo aos investimentos na produção, manutenção e criação de empregos de maior qualificação e melhores salários”.
Vice-presidente Geraldo Alckmin — Foto: Valdinei Malaguti/EPTV
Antecipação da fábrica brasileira
Segundo o governo da Bahia, as fábricas da multinacional chinesa no estado devem começar a produzir entre o fim de 2024 e o começo de 2025. Questionado pelo g1 se a tributação pode acelerar a operação em Camaçari, o executivo afirmou que “qualquer antecipação se for possível de ser feita, será feita“.
“O que a gente puder acelerar para poder começar a fabricar o quanto antes, melhor. Mas tem coisas que a gente não consegue acelerar, mas ainda estamos dentro do nosso cronograma, do nosso plano”, afirmou Schneider.
Impacto no preço dos veículos
Segundo o executivo, a empresa está estudando os cenários com essas alíquotas e cotas e vai “tentar minimizar os impactos para o consumidor final”. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a BYD é, atualmente, líder no mercado de veículos eletrificados, que inclui elétricos e híbridos.
Como ficam os impostos de importação
O governo informou que as porcentagens de “retomada progressiva” de tributação para os automóveis vão variar com os “níveis de eletrificação” e com os processos de produção de cada modelo.
Carros híbridos:
- 12% em janeiro de 2024
- 25% em julho de 2024
- 30% em julho de 2025
- 35% em julho de 2026
Híbridos plug-in (recarregados externamente):
- 12% em janeiro de 2024
- 20% em julho de 2024
- 28% em julho de 2025
- 35% em julho de 2026
Elétricos:
- 10% em janeiro de 2024
- 18% em julho de 2024
- 25% em julho de 2025
- 35% em julho de 2026
Elétricos para transporte de carga ou caminhões elétricos:
- 20% em janeiro de 2024
- 35% em julho de 2024
Como funcionam os carros elétricos
Cotas
O governo explicou, porém, que as empresas também têm até julho de 2026 para continuar importando com isenção até determinadas cotas de valor, também estabelecidas por modelo.
- Para híbridos: cotas de US$ 130 milhões até julho de 2024; de US$ 97 milhões até julho de 2025; e de US$ 43 milhões até julho de 2026.
- Para híbridos plug-in: US$ 226 milhões até julho de 2024, US$ 169 milhões até julho de 2025 e de US$ 75 milhões até julho de 2026.
- Para elétricos: nas mesmas datas, respectivamente US$ 283 milhões, US$ 226 milhões e US$ 141 milhões.
- Para os caminhões elétricos: US$ 20 milhões, US$ 13 milhões e US$ 6 milhões.