Para Andreia, sobraram as dores de ter de lidar com a nova condição. Além de ter o lado direito do corpo paralisado e não conseguir realizar tarefas básicas do cotidiano sem ajuda, ela tem dores de cabeça diárias, fruto do traumatismo craniano que sofreu à época.
Andreia também faz acompanhamento psiquiátrico e psicológico para tratar traumas mentais e emocionais, e toma vários remédios ao dia.
“Minha vida está muito difícil, dependo dos outros para tudo, para andar, tomar banho e até escolher roupa”, diz.
Andreia toma vários remédios ao dia e faz tratamentos com seis especialidades da saúde — Foto: Arquivo Pessoal
Ao todo, o tratamento conta com seis especialidades, incluindo neurologista, ortopedista, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia e psiquiatria.
Atualmente, ela está afastada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e recebe a ajuda da mãe, que precisou se aposentar para cuidar da filha.
Ao g1, Andreia disse que espera justiça e aconselha outras mulheres a não passarem pelo que passou.
“Assim que perceberem sinais de violência, procurem ajuda, proteção da polícia e da família. Começa com ofensas, tratamento moralmente inferior, ciúme. No começo eu achava normal, até que aconteceu o que aconteceu. Na primeira vez, já coloque um ponto final e busque ajuda”.
O advogado Vinicius Ribeiro, que defende Paulo, disse que a estratégia da defesa diante dos jurados será demonstrar que não ocorreu tentativa de feminicídio, uma vez que houve a confissão por parte do acusado.
Segundo ele, Paulo demonstrou, durante o processo, que não tinha intenção de matar a vítima.
Sequestrada, dopada e espancada
O caso aconteceu no dia 24 de junho de 2023, em Orlândia. O casal estava separado e Andreia havia pedido uma medida protetiva contra o ex-namorado, após histórico de violência na relação.
No dia do crime, Paulo foi até uma festa junina onde a vítima estava com uma amiga e a levou embora a força.
A amiga chamou a polícia, que chegou a ir até a casa do homem, mas foi embora ao não notar nenhuma movimentação.
Andreia Moratto, de 45 anos, foi dopada e espancada pelo ex-namorado em Orlândia (SP) no fim de semana — Foto: Arquivo pessoal
Na época do crime a amiga de Andreia disse em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, que escutou a vítima gritando dentro da casa, além de portas batendo.
Ela foi socorrida e encaminhada em estado grave para um hospital em Franca (SP). As agressões, que duraram toda madrugada, resultaram em traumatismo craniano e fraturas por todo o corpo.