A empresa do setor automobilístico confirma as demissões, alegando necessidade de readequação do quadro, mas não informou o número de trabalhadores demitidos.
GM demite por telegrama trabalhadores da fábrica no interior de São Paulo. — Foto: Arquivo pessoal
Na ocasião, em dezembro de 2023, o programa foi aberto após a Justiça do Trabalho determinar o cancelamento de 1,2 mil demissões nas fábricas de São José dos Campos, São Caetano e Mogi das Cruzes.
“Eram cerca de 140 (funcionários) em licença remunerada. A estabilidade encerrou no dia 3 de maio. Alguns trabalhadores foram chamados de volta ao trabalho e algumas dezenas estão afastados pelo INSS”, explica o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.
Mudanças no mercado e queda nas vendas
Um dos principais motivos das crises recentes na General Motors em São José dos Campos é a queda das vendas de carros. A unidade localizada na cidade do Vale do Paraíba conta com cerca 4 mil trabalhadores e produz dois modelos: S10 e Trailblazer.
De acordo com números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a venda desses dois carros teve uma queda significativa nos dois últimos anos.
Foram pouco mais de 27.123 unidades de S10 vendidas em 2022, contra 25.965 no ano passado – diminuição de 4%.
General Motors, em São José dos Campos — Foto: Reprodução/TV Vanguarda
Em relação ao modelo Trailblazer, a queda é muito maior. Foram vendidas 3.207 unidades em 2022, contra 1.659 em 2023 – diminuição de 48%.
Também houve registro de queda nos quatro primeiros meses desse ano em comparação com o mesmo período do ano passado – diminuição de 12% na venda de S10 e 27% na venda da Trailblazer:
- Janeiro – abril de 2023: 9.004
- Janeiro – abril de 2024: 7.852
- Janeiro – abril de 2023: 592
- Janeiro – abril de 2024: 428
GM demite, por telegrama, funcionários que estavam de licença remunerada
Para especialistas do mercado financeiro do país, a queda das vendas é uma consequência das mudanças no mercado de automóveis, principalmente por causa da tendência de consumo de veículos elétricos.
“Cada vez mais os governos vão incentivar a produção de carros mais limpos. Os carros mais caros, como a S10 e a Trailblazer, que são para classe média alta, acabam sendo disputados com o setor dos elétricos”, explica o economista Alexandre Jorge Chaia.
Ainda de acordo com o economista, apesar das consequências da reestruturação dos meios de produção, o setor automobilístico deve ter, de um modo geral, bons resultados pelo menos pelos próximos dois anos.
“O que acontece com o Brasil é que a renda média tem crescido, mas a taxa de juros, que é o mecanismo de financiamento, tem caído de alguma forma. Então isso vai acabar incentivando a indústria automobilística e a indústria de bens mais caros, de maior valor agregado. Essas indústrias vão crescer nos próximos anos”, diz Chaia.
No começo do ano, a GM anunciou um investimento de R$ 7 bilhões no Brasil até 2028, com desenvolvimento de tecnologias inovadoras e a evolução das fábricas, mas a empresa não detalhou quais unidades vão receber esses investimentos.
GM em São José dos Campos — Foto: Reprodução/TV Vanguarda