Após semanas de negociações, Assange vai se declarar culpado nesta semana por violar a lei de espionagem dos EUA. O acordo deverá permitir que Assange seja libertado da prisão, no Reino Unido, nos próximos dias e volte para a Austrália, país do qual é cidadão.
O fundador do WikiLeaks assumirá uma acusação criminal de conspiração para obter e divulgar documentos classificados de defesa nacional dos EUA, de acordo com registros no Tribunal Distrital dos EUA para as Ilhas Marianas do Norte.
Os EUA querem julgar Assange por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010 sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e Afeganistão. Ele poderia ser condenado a 175 anos de prisão caso fosse extraditado para os EUA.
Justiça do Reino Unido autoriza Julian Assange a recorrer de pedido de extradição aos EUA
Vazamento
Como havia a revelação de identidades de pessoas que cooperavam com os militares no Oriente Médio, oficiais norte-americanos afirmaram que o vazamento colocava vidas em risco.
Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA descreveu os vazamentos do WikiLeaks como “um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos”.
“Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante”, afirmou o advogado de Assange, Edward Fitzgerald, no tribunal.
Clair Dobbin, advogada que representa os Estados Unidos, por sua vez, disse que Assange publicou nomes de pessoas que “atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos”.
Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição para os Estados Unidos. Porém, apelação americana fez com que, em dezembro de 2021, a Justiça britânica anulasse a primeira decisão e abrisse caminho para a extradição – até o julgamento desta semana.
Recurso contra extradição
Julian Assange foi autorizado em maio pelo Tribunal Superior de Justiça de Londres a apresentar recurso contra o pedido de extradição para os Estados Unidos e que seja julgado no Reino Unido –sua última chance de evitar a extradição.
A decisão da corte aconteceu semanas após os juízes britânicos pedirem mais informações ao governo norte-americano sobre o caso —e é considerada uma nova vitória para Assange.
Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão nos Estados Unidos caso seja enviado ao país, do qual é cidadão. A Justiça dos EUA quer julgá-lo por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010 sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e Afeganistão.
Preso na Inglaterra
O fundador do WikiLeaks estava preso na Inglaterra desde 2019, após de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.
Antes do julgamento, a esposa de Assange fez um alerta sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.
“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou Stella Assange no fim de maio.