A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável pela disputa, havia justificado o cancelamento com base em indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. Geller estava no centro da polêmica.
Brasil precisa importar arroz? Por que o preço subiu mais de 20% em um ano?
Um ex-assessor de Geller, que também é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão.
Em audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara, Neri Geller afirmou somente ter conversado com Fávaro e dito não ter envolvimento com as supostas fraudes.
“Eu não devo. E, por isso, que eu fiquei chateado, sim, com o ministro da Agricultura com a forma como eu saí do governo”, disse.
Segundo ele, embora a decisão tomada por Fávaro seja “legítima”, o chefe da Agricultura poderia ter decidido por um afastamento até que “todos os pontos” fossem esclarecidos.
“Não saí a pedido. Eu não devia. Eu não devo. Poderia ter me afastado para esclarecer todos os pontos. Não seria justo eu simplesmente sair e isso ficar pelo diz que me disse”, afirmou o ex-secretário.
‘Equívoco político’
Durante a audiência, Neri Geller negou ter participado do leilão de 263 mil toneladas de arroz. Segundo ele, a confecção da disputa foi feita pelo gabinete de Fávaro e pela Casa Civil da Presidência.
O ex-secretário narrou ter sido contrário ao leilão, em uma primeira discussão na Casa Civil. Ele declarou ter defendido somente uma redução da alíquota de importação do arroz para “estimular” a entrada de produtos do Mercosul. “Fui voto vencido”, afirmou.
Ao ser questionado por parlamentares, Geller avaliou, porém, que o leilão e a condução adotada pelo governo foi um “equívoco”.
“Teve um equívoco, na minha avaliação, na condução dessa importação. Teve um equívoco. […] No nosso entendimento, não houve má-fé. Houve um equívoco político.”
– Esta reportagem está em atualização