Gerente da área de economia da Fundação Seade, Vagner Bessa afirma que a elevada taxa básica de juros brasileira (Selic) afeta principalmente o consumo e impacta com força o setor industrial na região de Campinas, que é um dos principais do Brasil.
“O desempenho da indústria vem bloqueando um crescimento maior da região. A principal questão ainda é a taxa de juros, que afeta o consumo interno, principalmente de bens duráveis, e também impacta investimentos da indústria, já que a tomada de crédito é complicada”, detalha.
Bessa explica que no acumulado de 12 meses, praticamente todos os setores tiveram resultados negativos, como alimentos, máquinas e equipamentos, fármacos e químicos, enquanto a indústria automotiva “não saiu do lugar”.
Ao falar do setor automotivo, o economista destaca que há grandes investimentos anunciados por montadoras, inclusive na região, mas que esse aporte ainda não provoca reflexos no PIB.
“Quando a indústria automotiva faz esses investimentos, não tem a produção de automóveis no primeiro momento. Há demandas na construção, implantação ou modernização, então não é um impacto na atividade industrial logo de cara, a não ser com máquinas e equipamentos. Mas ter os investimentos é um indicador importante”, pondera.
A economista Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório PUC-Campinas, ao analisar o cenário do emprego na região de Campinas, vê a redução da atividade industrial como um “sinal de alerta”, e que a questão da taxa de alta de juros compromete o desempenho dos setores que produzem bens duráveis de maior valor, como o de automóveis.
“A indústria automotiva vive uma grande expectativa, com anúncios de investimentos, incentivos. Mas essa questão da taxa de juros pode colocar isso na gaveta. E isso afeta uma cadeia como um todo. Não só a montadora, mas na região tem indústrias ligadas ao segmento, como a de autopeças”, destaca.
Apesar do momento atual mostrar a retração no PIB regional, na avaliação do economista da Fundação Seade há uma perspectiva de recuperação da atividade econômica em São Paulo no segundo semestre do ano.
“O cenário atual é um pouco preocupante, mas esperamos que essa atividade indústrial se recupere”.
Importância
Apesar de registrar recuo na produção e geração de riqueza nos últimos quatro trimestres, a Região Administrativa de Campinas tem uma importante participação no PIB do Estado de São Paulo.
Considerando os dados de 2023, a RA de Campinas foi responsável por 19,2% do PIB paulista, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo, com 51,7% – analisada isoladamente, a capital representa 31,3% do total da RMSP..
Para efeito de comparação, a terceira região com maior participação na fatia é a de Osasco, com 9,7%.
No primeiro trimestre de 2024, o PIB de São Paulo foi de R$ 794,5 bilhões, sendo R$ 420,5 bilhões da RM de São Paulo, e R$ 149,5 bilhões da RA de Campinas.
90 cidades
A Região Administrativa de Campinas considerada pelo Seade é composta por 90 municípios.
São eles: Aguaí, Águas da Prata, Águas de Lindóia, Águas de São Pedro, Americana, Amparo, Analândia, Araras, Artur Nogueira, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Brotas, Cabreúva, Caconde, Campinas, Campo Limpo Paulista, Capivari, Casa Branca, Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Cosmópolis, Divinolândia, Elias Fausto, Engenheiro Coelho, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Ipeúna, Iracemápolis, Itapira, Itatiba, Itirapina, Itobi, Itupeva, Jaguariúna, Jarinu, Joanópolis, Jundiaí, Leme, Limeira, Lindóia, Louveira, Mococa, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Mombuca, Monte Alegre do Sul, Monte Mor, Morungaba, Nazaré Paulista, Nova Odessa, Paulínia, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracaia, Piracicaba, Pirassununga, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Bárbara d’Oeste, Santa Cruz da Conceição, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra, Santo Antonio de Posse, Santo Antonio do Jardim, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, São Pedro, São Sebastião da Grama, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Tambaú, Tapiratiba, Torrinha, Tuiuti, Valinhos, Vargem, Vargem Grande do Sul, Várzea Paulista e Vinhedo.