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A cidade, que tem pouco mais de 11 mil habitantes, integra o grupo cidades isoladas do Acre, onde só é possível chegar em aviões de pequeno porte ou em embarcações que podem levar de sete horas a até cinco dias dependendo do nível dos rios que levam a esses locais.
“Já estamos passando por uma situação em que já estão evitando trazer frios como frangos, as verduras estão chegando estragadas. O valor do frente consequentemente aumenta, porque os barqueiros tem um custo maior e esse custo é repassado para o comerciante que consequentemente repassa para a população e encarece cada vez mais nosso custo de vida”, lamenta o técnico em telecomunicações, Éder Farias, de 27 anos.
Produtos alimentícios estragam na viagem até o município — Foto: Éder Farias/Arquivo pessoal
“Porto Walter e Marechal Thaumaturgo já começam a ficar comprometidos no sentido de navegação. A gente sabe que esses municípios dependem quase 100% dos rios como hidrovias, tanto para levar as estivas do comércio, como para fazer o escoamento da produção rural e também o transporte de pessoas”, ressaltou o comandante do Corpo de Bombeiros para a região do Vale do Juruá, Josadac Cavalcante.
Seca do Rio Juruá ameaça abastecimento em Porto Walter e Marechal Thaumaturgo
Acesso terrestre foi fechado pouco mais de um ano após ser aberto
Para a população de Porto Walter, no entanto, a situação já poderia ter sido resolvida. Isolada por via terrestre do restante do estado pela maior parte de sua história, a comunidade ganhou, em setembro de 2022, uma estrada de 84km ligando a localidade a cidade de Cruzeiro do Sul.
Parecia o começo de uma nova era para eles, entretanto, pouco mais de um ano após a abertura da estrada, a cidade voltou a ficar isolada. O Ministério Público Federal (MPF-AC) ingressou com uma ação questionando os impactos ambientais na Terra Indígena (TI) Jaminawá do Igarapé e a falta de consulta aos povos indígenas da região antes da construção.
Estrada foi fecha pouco mais de um ano após ser aberta — Foto: Asscom/Prefeuitura
“Esta obra foi executada pela Prefeitura de Porto Walter e pelo Estado do Acre sem autorização dos órgãos federais e sem consultar as comunidades indígenas de forma livre, prévia e informada. Em ação civil pública ajuizada pelo MPF e pelo MP-AC, a Justiça Federal determinou a suspensão das intervenções na área”, afirmava a ação assinada pelo procurador da República Lucas Dias.
Ao g1, na época, o Deracre informou que não havia sido notificado sobre o bloqueio, e ressaltou que a construção da passagem foi concluída com desvio da terra indígena.
Até o final de junho de 2024, porém, a decisão da Justiça Federal mantinha o bloqueio sem previsão para o término.
“A gente sempre teve um sonho da estrada, para melhoria de vida em todas as áreas para a nossa população. Hoje com a estrada embargada vem o sentimento de frustação, de indignação com nossos representantes. Já são dois anos de embargo, um ano da última audiência pública e até agora não foi resolvido nada”, lamenta Farias.
Colaborou Mazinho Rogério, da Rede Amazônica Acre.
Porto Walter sofre com isolamento terrestre do resto do país — Foto: Macson Alves/Arquivo pessoal