Campos Neto também negou que tenha sido convidado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao cargo de ministro de Estado caso seja eleito presidente da República — informação que circulou na imprensa nas últimas semanas.
O presidente do BC participou de uma coletiva de imprensa sobre política monetária, no Banco Central, em São Paulo.
Lula faz novas críticas a Campos Neto: ‘Adversário’
Em entrevista à Rádio CBN, Lula voltou a criticar Campos Neto. Para o petista, o presidente do BC tem “lado político” e “trabalha para prejudicar o país” (veja vídeo abaixo).
“Acho que o presidente da República tem todo direito de se manifestar. Não cabe a mim, presidente do BC, entrar em debates políticos. Mostramos e vamos continuar mostrando que a nossa decisão é técnica. Tivemos agora uma reunião do Copom com espirito de equipe para mostra que o movimento é técnico. Vou sair, e as pessoas vão fazer uma análise, depois que eu sair, que eu fui 100% técnico. Não cabe a mim ficar rebatendo ou discutindo temas políticos. Nossa missão é entregar inflação baixa”, afirmou o presidente do BC.
A reunião do presidente do BC com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 10 de junho, também foi alvo de críticas do Partido dos Trabalhadores.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Campos Neto usa seu mandato no Banco Central “para fazer política, igualzinho ao Sergio Moro, que usava a toga de juiz para beneficiar seu candidato, Jair Bolsonaro”. “O [candidato] de Campos Neto é Tarcísio de Freitas. Anotem esses nomes, são inimigos do povo e do Brasil”, disse ela.
Campos Neto afirmou que já participou de reuniões com outras autoridades políticas, até com visões partidárias diferentes, e que comparece a esse tipo de evento representando o Banco Central.
“Acho que é importante comparecer, existe histórico de não só presidentes do BC brasileiro, mas de outros BCs, participarem”, acrescentou.
O presidente do Banco Central também negou a informação de que teria sido sondado pelo governador de São Paulo para um cargo em um futuro ministério, caso seja eleito presidente da República.
Ele voltou a dizer que não tem intenção em se candidatar a cargos políticos.
“Nunca tive nenhuma conversa com o Tarcísio para ser ministro de nada. Nunca falei isso, nem o Tarcísio. Sou muito amigo do Tarcísio desde o governo passado, sempre conversamos muito sobre economia, desde quando ele era ministro da Infraestrutura. Continuamos conversando sobre economia, como converso com parlamentares, pessoas do governo e do mercado. Nas conversas que tenho com ele, o pouco que é conversado sobre política, minha percepção é que ele não é candidato agora”, disse Campos Neto.
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Questionado se aceitaria ser ministro em uma gestão de Tarcísio na Presidência, o presidente do BC declarou que terá 61 anos em 2030, e que “não faz o menor sentido” tentar antecipar o que fará daqui a seis anos.
Nesse caso, Campos Neto indicou que Tarcísio não concorreria à Presidência em 2026.
“Tenho dito que vou ao mundo privado, provavelmente fazer alguma coisa que misture tecnologia com finanças. O resto acho que é especulação para contaminar um trabalho técnico que não tem viés politico. Nunca tratei com o Tarcísio sobre nada de ser ministro de nada”, concluiu.