Em junho, as festas juninas tomam conta das cidades por todo o Nordeste. E se se uma boa festa, tem que ter música boa, nessa época do ano um instrumento musical ganha bastante destaque: a sanfona! Para embalar os forrós e não deixar ninguém ficar parado, o “Hospital de Sanfonas” foi criado em Arapiraca, no agreste de Alagoas. No local, os músicos podem deixar o instrumento musical para conserto e afinação.
Nesse hospital, o principal “doutor” é Cecílio Franscisco da Silva, que tem 86 anos de idade conta com mais de 60 anos de experiência. Em um local simples, mais que respira arte e cultura por todos os cantos, o afinador conta com orgulho da sua precisão para afinar de maneira cirúrgica a sanfona.
“Um professor de acordeon disse ‘senhor Cecílio, o senhor tem a coisa mais importante do mundo, o ouvido. O senhor tem um ouvido muito bom. Ninguém pode ‘perder’ uma nota na sanfona que o senhor já está reclamando”, conta se divertindo.
Considerado um mestre por quem o procura, Cecílio da Silva conta que trabalhar com a afinação do instrumento começou por acaso, através da curiosidade.
“Vinha um mestre consertar na minha casa, mas como eu conhecia já de tom, em instrumento de corda, quando eu marcava a variação de tom achava defeito. Aí eu comprei uma nova e a velha foi meu professor. Me trancava dentro de um grupo [escolar] e ficava só eu e a sanfona. Eu olhava a afinação da nova e ia fazendo na velha. Graças a Deus eu aprendi assim, sozinho”, relata o afinador autodidata
Maxsuel é sanfoneiro e leva instrumento no ‘Hospital de Sanfonas’ — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Apesar da estranheza aos ritmos e batidas eletrônicas, Cecílio Francisco da Silva tem esperança que as novas gerações mantenham as tradições vivas. Entre os músicos que acompanham de perto e utilizam os serviços do “pai dos sanfoneiros” de Arapiraca, está Maxsuel do Acordeon.
Ele acredita que a música e o folclore nordestino devem ser preservados, pois é um patrimônio cultural.
“A música sempre me chamou atenção, até porque nós temos grandes representantes a nível nacional. Luiz Gonzaga foi o maior de todos. Eu acho que a safona hoje é o instrumento que mais expressa, e sempre expressou, muito bem o povo nordestino. É uma forma de mostrar o que somos”, afirma o sanfoneiro Maxsuel do Acordeon.