Depois da anulação, o governo informou que pretende fazer um novo leilão. A decisão de importar arroz ocorreu após as enchentes no Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no país, para evitar alta nos preços do alimento.
“Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E, depois, tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá pra ser um preço exorbitante”, argumentou Lula.
Lula: Houve ‘falcatrua’ em leilão de arroz
“Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, completou o presidente.
A declaração foi dada em entrevista à rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí.
Fávaro minimizou falhas
Nesta quarta (19), diferentemente, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), minimizou possíveis irregularidades no leilão.
“Anulou o processo porque faz parte, e é num ato da gestão, combater qualquer tipo de conflito de interesse. É a prevenção. É a prevenção. Não se trata de juízo de valor. […] É muito importante dizer que a exoneração do ex-ministro Neri Geller não se trata de um ato de juízo de valor”, disse Fávaro na ocasião.
Ele também afirmou que o governo vai realizar um novo leilão, com novas regras para a participação de empresas. A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) vão auxiliar na formulação do novo edital.
Ministro Carlos Fávaro é ouvido na Câmara Federal sobre o leilão do arroz do Governo Feder
Demissão na Agricultura
Fávaro disse que o próprio secretário havia pedido demissão. À imprensa, Geller negou ter pedido a saída da pasta.
Um ex-assessor de Geller, que também é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão.
Entidades agrícolas e membros da oposição apontaram um suposto favorecimento da corretora do ex-funcionário de Neri Geller na concorrência.
Sacos de arroz em supermercado. — Foto: GloboNews/Reprodução
Leilão anulado
Em relação à capacidade técnica das vencedoras, o que se tem apontado é que três das quatro vencedoras não são do ramo de arroz ou de importação, o que, segundo analistas de mercado, poderia gerar problemas na operação.
Essas empresas receberiam recursos do governo para importar e entregariam o produto em unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Por outro lado, nenhuma companhia tradicional participou do leilão, segundo uma das bolsas que operou a negociação.
A Conab explicou que, no atual modelo de leilão, a estatal só fica sabendo quem são as empresas vencedoras após os resultados da operação. Isso porque quem intermedia as negociações são as bolsas de cereais.
O arroz seria vendido em pacotes de 5 quilos por um preço tabelado de R$ 20 e teria o rótulo do governo. Nos supermercados de São Paulo, o pacote de 5 quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30.
O governo decidiu importar arroz poucos dias depois do início das enchentes no Rio Grande do Sul para evitar alta nos preços do alimento, diante da dificuldade pela qual o estado passava para transportar o grão para o restante do país.
Lula ao lado do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. — Foto: Reprodução/CanalGov
Agenda no Piauí e Juscelino Filho
Lula esteve em Teresina, no Piauí, para o encerramento da 10ª Caravana Federativa.
Esse foi o primeiro evento público em que o presidente aparece ao lado do ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
“Fiquei sabendo ontem [quarta-feira]. Não tenho essa pressa. Quando eu voltar, depois do G7, eu vou sentar e vou descobrir o que aconteceu de verdade. Numa conversa franca com ele, porque eu digo para todo mundo, só você sabe a verdade. Se você cometeu um erro, reconheça que cometeu. Se não cometeu, brigue pela sua inocência. Esse é o lema que tenho dito para todos os ministros. Só ele sabe a verdade, ninguém mais”, disse Lula enquanto ainda estava em Genebra.
Após passar por Genebra, o presidente embarcou para a Itália, para participar da reunião do G7 — grupo que reúne as nações democráticas mais ricas do mundo. Desde então, não comentou publicamente o assunto.